Propriedades Estáticas ("Elasticas")
As
Propriedades estáticas são também conhecidas como propriedades elásticas do
sistema ou propriedades elástico-resistivas. Dentre outras, estão aqui incluídas
a existência de uma pressão pleural negativa (subatmosférica), a complacência
pulmonar (estática) e da caixa torácica (e do conjunto pulmão-caixa torácica),
tensão superficial, etc..
Pressão Pleural Negativa
Pulmões e parede torácica estão, de modo contínuo, lutando passivamente um
contra o outro, visando conseguir, cada um deles, ocupar um volume que
corresponde ao seu próprio volume de descontração. Pulmões e parede torácica são
mantidos, portanto, em volumes que não correspondem aos volumes que ocupariam
caso estivessem separados um do outro.
O
volume ocupado pelo tórax do qual foram retirados os pulmões é maior que quando
contém os pulmões em seu interior, por outro lado, os pulmões isolados ocupam um
volume menor do que aquele observado quando os mesmos se encontram encerrados
dentro do tórax.
O
conceito de Duplo Fole Torácico
A
pressão pleural é menor que a atmosférica durante todo o ciclo respiratório, daí
dizer-se que é negativa. Essa pressão pleural é a somatória das forças que
tendem a separar o pulmão da caixa torácica; quanto maiores essas forças, mais
negativa será a pressão pleural, e vice-versa.
Na
inspiração, somente os pulmões se opõem ao movimento; na expiração, somente o
fole torácico se opõe ao movimento. Esse arranjo representa enorme economia de
energia para o trabalho respiratório, já que somente a inspiração consome
energia em condições fisiológicas.
Durante um ciclo respiratório normal, a pressão intrapulmonar varia entre
- 3 mmhg durante a inspiração, passa a zero ao fim
da mesma e atinge + 3 mmHg no início da expiração,
voltando a zero ao fim desta. As flutuações normais da pressão intrapulmonar
podem ser aumentadas por contração vigorosa da musculatura respiratória, podendo
ser atingidos valores - 90 e
+ 110 mmHg.
A
Retração Elástica Pulmonar
Podemos estudar o comportamento pulmonar analisando a retração elástica sob
condições estáticas, quando a resistência das vias aéreas não influencia a
compressão pulmonar. Neste caso, temos um estudo da complacência estática do
sistema. O estudo da complacência dinâmica será feito posteriormente, quando
você dominar o tema complacência estática.
A partir do volume residual, quando
um indivíduo inspira maximamente, o volume dos pulmões aumenta aproximadamente
4
vezes. A maior parte dessa expansão tem lugar nos ductos alveolares e nos
alvéolos, ou seja, na área de troca gasosa.
A expansão pulmonar estira as fibras
elásticas e colágenas que compõem o parênquima pulmonar; elas se deslocam no
espaço do mesmo modo que as fibras numa meia de náilon: cada fibra de náilon é
quase indistensível - mas a meia é distensível, pela sua distribuição no espaço.
A organização espacial das fibras colágenas e elásticas é tal que elas estão
ancoradas por um lado à pleura visceral e pelo outro lado (centralmente) à
parede das vias aéreas.
Podemos representar a retração elástica pulmonar e a retração elástica da caixa
torácica como molas. Quando os pulmões forem insuflados até a capacidade
pulmonar total (CPT), as molas que representam a retração elástica das fibras
estão maximamente estiradas, enquanto que as molas que representam a retração da
caixa torácica estão comprimidas, e tendem a reduzir o volume do tórax.
A
este nível de volume pulmonar, tanto a retração elástica dos pulmões quanto
a retração da caixa torácica ocorrem no sentido de diminuir o volume
pulmonar.
Ao
fim da inspiração máxima, cessa a atuação dos músculos inspiratórios, a
expiração pode ocorrer facilmente, de modo espontâneo, com fluxos expiratórios
relativamente elevados.
Quando o indivíduo está ao nível de 67% da CPT, o grau de estiramento das molas
representativas da retração pulmonar diminui, mas desaparece a tendência do
tórax de diminuir de volume, pois este se encontra no seu próprio volume de
descontração, ou seja, no volume que ocuparia caso não contivesse os pulmões em
seu interior.
Assim, durante uma expiração, ao ser atingido um volume
correspondente a 67% da CPT, a retração da caixa torácica passa a ser feita no
sentido "para fora", se opondo à expiração.
Ao
nível do volume residual, a retração elástica dos pulmões é mínima, mas a
tendência do tórax expandir é máxima. Ao menor volume pulmonar possível (volume
residual), a retração elástica da caixa torácica, dirigida "para fora", é mais
intensa que a retração pulmonar "para dentro".
Esse
equilíbrio entre as forças passivas só pode ser mantido à custa da contração
(processo ativo) da musculatura expiratória. Quando a pressão alveolar é zero
(igual à atmosférica), a pressão gerada pela retração elástica é igual e oposta
à pressão pleural.
A
Pressão de Retração (PRE)
A
retração elástica pulmonar gera uma certa pressão dentro dos alvéolos.
Didaticamente, podemos considerar os pulmões como dois balões colapsáveis.
Visando expandir os pulmões, pode-se acrescentar ar aos alvéolos representados
por balões infláveis, dotados de certa retração elástica. Isso faz com que seja
gerada uma pressão dentro do sistema, cujo valor depende da magnitude da
tendência das paredes elásticas dos alvéolos (balões infláveis) retraírem "para
dentro".
Pode-se perceber que o acréscimo de mais moléculas de ar estabelece uma pressão,
chamada pressão de retração pulmonar.
A
rede de fibras elásticas e colágenas existe tanto nos espaços aéreos quanto nas
grandes vias aéreas e nos vasos sangüíneos, de modo que são estas estruturas as
que mais participam da expansão pulmonar.
Na
inspiração, os brônquios e bronquíolos dilatam e aumentam de comprimento, os
ductos alveolares dilatam-se, e os sacos alveolares aumentam de tamanho, com os
alvéolos tomando-se mais semelhantes a um disco ao invés de uma taça.
Os
pulmões do feto não contém ar e seu volume é pequeno, mas mesmo assim os pulmões
preenchem completamente a caixa torácica.
A
primeira inspiração é conseqüência de uma contração extremamente intensa do
diafragma, capaz de gerar uma pressão pleural negativa de
– 80 mmHg. Em conseqüência, os pulmões se distendem e o tecido elástico
contínuo nunca mais retorna ao seu comprimento original.
Para
essa primeira inspiração, o recém-nascido exerce uma força
15 a 20 vezes maior que a necessária para um
movimento inspiratório normal.
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