A
Traquéia
A
traquéia é um tubo flexível, cartilaginoso e membranoso que se estende da
laringe, para abaixo através da cavidade mediastinal superior, até o mediastino
médio. Ela bifurca imediatamente atrás da base do coração, no nível da quinta
vértebra torácica, gerando os brônquios principais direito e esquerdo.
A
traquéia é essencialmente uma estrutura mediana; entretanto, próximo à sua carina de bifurcação, ela é empurrada para o lado pelo cajado da aorta.
No
pescoço, a traquéia está circundada pela fáscia cervical profunda; no tórax, ela
é circundada pela fáscia mediastinal.
A
parede da traquéia é formada por quatro lâminas principais. De dentro para fora,
elas são:
1. A lâmina mucosa
2. A lâmina submucosa
3. A lâmina musculocartilaginosa
4. A lâmina adventícia
A
mucosa forma numerosas pregas longitudinais baixas. Ela é revestida por um
epitélio pseudo-estratificado cilíndrico ciliado que contém numerosas células
caliciformes e repousa em uma membrana basal. Os cílios do epitélio batem e
movimentam as secreções mucosas e as partículas de matérias estranhas no sentido
da laringe.
A
submucosa é rica em fibras elásticas e também em pequenas glândulas tubulares seromucosas (glândulas traqueais) que se abrem no lúmem do tubo.
A
lâmina
musculocartilaginosa é composta das placas cartilaginosas, tecido fibroelástico
e pelo músculo traqueal. As placas cartilaginosas são compostas de cartilagem
hialina circundada pelo pericôndrio. Nos idosos, as placas podem tornar-se
calcificadas e ossificadas.
As
placas cartilaginosas são dobradas de modo que elas
possuem grosseiramente o formato de ferradura com abertura orientada para trás.
A abertura dorsal de cada placa cartilaginosa é preenchida por tecido conjuntivo
e pelo músculo traqueal, que é composto de fibras musculares lisas dispostas de
modo circular.
Embora a maioria das placas esteja separada uma da outra, este nem sempre é o
caso, e é possível encontrar placas adjacentes fundidas. A adventícia é uma
lâmina de tecido conjuntivo que se une à lâmina musculocartilaginosa e com o
tecido conjuntivo que circunda a traquéia.
A
traquéia possui determinadas exigências que foram muito sutilmente satisfeitas
em sua estrutura:
1.
A traquéia tem que funcionar como um tubo rígido ou entraria em colapso quando
os pulmões se expandissem; a rigidez é suprida pelas placas cartilaginosas.
2.
A traquéia tem que ser capaz de expansão para que possa acomodar qualquer
aumento de volume do ar que passa para os pulmões. A traquéia é capaz desta
expansão porque:
a)
a cartilagem hialina possui uma determinada flexibilidade inerente
b)
as placas cartilaginosas são incompletas dorsalmente
c)
a túnica mucosa forma pregas longitudinais
d)
há considerável quantidade de tecido elástico na submucosa.
3.
A traquéia tem que capturar e remover as partículas finas de matéria estranha
admitidas com o ar inspirado. As partículas são capturadas no muco pegajoso
secretado pelas glândulas traqueais e células caliciformes e depois removidas
pela ação do batimento dos cílios.
4.
Toda a traquéia precisa ser tanto flexível (dobrar sobre si mesma) quanto
extensível (tornar-se mais comprida) para dar margem para os movimentos da
cabeça o do pescoço e da laringe. A flexibilidade é conseguida porque a
cartilagem que fornece a rigidez está presente na forma de placas mantidas
juntas por ligamentos fibroelásticos, ao invés de na forma de uma lâmina
contínua, deste modo permitindo o dobramento do tubo. Esta disposição das
placas cartilaginosas ligadas por ligamentos fibroelásticos também permite que
o tubo seja estendido pelo esticamento dos ligamentos.
Inervação da traquéia
A
traquéia é inervada pelo sistema nervoso autônomo. O nervo vago emite fibras
parassimpáticas tanto diretamente como por meio dos nervos faríngeos
recorrentes. Estas fibras entram em sinapse na parede da traquéia e as fibras
pós-ganglionares são distribuídas para o músculo liso e para as glândulas.
Sua
função é a de causar vasoconstricção do músculo e inibir a secreção das
glândulas.
As
fibras do tronco simpático e do gânglio cervical médio também passam para a
parede da traquéia. Sua função é oposta à das fibras parassimpáticas, ou seja,
produz relaxamento do músculo liso e induz a secreção pelas glândulas presentes
em suas paredes.
Os
impulsos das terminações sensoriais situadas na mucosa são levadas por fibras
que se unem ao nervo vago. A estimulação dessas terminações causa dor e tosse e,
se extrema, poderá interferir com a respiração.
A
carina da traquéia
A
traquéia bifurca-se nos brônquios principais direito e esquerdo do nível da
quinta costela ou do quinto espaço intercostal. A bifurcação movimenta-se para
frente e para baixo durante a inspiração e para trás e para cima durante a
expiração.
A carina é sustentada pela cartilagem da carina. Se a carina não
possuir sustentação cartilaginosa, é chamada carina membranosa, que pode ser
sede de obstruções dinâmicas.
O músculo traqueal também contribui para a
sustentação da carina, porque algumas de suas fibras (que estão associadas com
as duas ou três cartilagens traqueais distais) convergem no sentido da carina na
forma de uma faixa.
O
brônquio principal direito surge da traquéia a um ângulo mais oblíquo que o
esquerdo. O ângulo formado entre brônquios é denominado
ângulo de bifurcação.
O
ângulo de bifurcação está aumentado quando o átrio esquerdo aumenta de tamanho
(estenose ou insuficiência mitral). Isso pode ser observado em radiografias de
tórax.